Fantasma - Lebra
"Não tente me mostrar que está tão feliz assim. É tudo errado aqui. Minha vida e a de ti. Não tente se apressar pra um dia ser feliz É o que queremos. Sei, mas não é bem assim. Não vá se perder nem se prender aí. Na escuridão dos teus dois olhos vi o início dessa loucura. Já faz tanto tempo que eu vi a lua sobre ti. Tranquei a porta pra não ter que me esconder dessas coisas que assustam todos. Não vá se perder nem se prender aí."
Essa tarde fui acompanhar a sessão de fotos de divulgação para o debut-cd do Lebra. Fomos para a praticamente nossa, praça Pôr-do-sol. Em uma quarta-feira melancólica, como só uma quarta-feira pode ser. Nublada, fria e cinza como um típico dia de outono(que parece, finalmente, ter chego). Bucólico e suave. Vi folhas amarelas caídas, cobrindo a grama cinza-verde-seca. Vi artistas, aspirantes e expectadores. De assalto fui tomado. De leve ao pesado se foi.
E o que esperar além do eco que passa sobre os abismos por nós criados? Vivi tempos de pontes e até mesmo tempos em que abismos não haviam. Aos poucos vamos nos distanciando de antigas concepções e indagações. Jogamo-as no lixo tão rápido quanto quando as tomamos para nós. Vejo sombra sobre as cabeças e não distinguo dedos apontados de mãos estendidas. Paranóia. Alteração do DNA. Muitas horas-vídeo de "deusmihifortis' [ http://www.youtube.com/user/deusmihifortis ] . "A verdade liberta você". E fode com tua cabeça, diz as entrelinhas. Pretendo deixar de pretender e prometo não prometer mais nada. Sou ser-humano. Passível de erro, como todos os outros. Pronto para ser novamente impressionado por qualquer tipo de novidade. E não é mais tão fácil relaxar.
Quero viver 3 minutos de cada vez.
A audição se perdendo com o tempo, enquanto as frequências me inundam. Você quer liberdade? Você paga por isso. Quer sentimento? Ele vem em formato mp3 e é de graça. Assim como quando uso a grama verde, ligo meu mp3 player e respiro um mundo diferente. Os olhos são a janela da alma. De óculos e fones de ouvido, me sinto qual um figurante. Não os ouço, eles não sabem o que vejo. E assim é minha vida. Alheio ou não, o que me inspira é a energia desprendida e amplificada pela vibração das cordas de aço e peles porosoas, vivas ou não.
Não sou eu, esse aí fora. Em conflito com os princípios hippies. O rasta da periferia. O frustrado baixa-estima que há tempos emudeceu. "Me dê motivos pra sonhar ou deixe-me só pra pensar como seria bom se fôssemos livres de verdade".
Se me tiram a música, enterrem-me vivo, pois minha alma já terá sublimado.
Quero viver 3 minutos de cada vez.
"Quando viaja a voz, que sem a boca continua, sabe calar a palavra quando já não encontra. O momento que a necessita, nem o lugar que a quer? E a boca sabe morrer? Tornei-me mudo porque você nada me fala. As palavras que deixamos escapar, onde estarão? Meu (e seu) silêncio acabará me convencendo... Se respirar, vai se contaminar. Se pensar, vai ter angústia. Se duvidar, vai ter loucura. Se sentir, vai ter solidão. Se perguntar, vai ter medo. E quando pensava ter todas as respostas, mudaram as perguntas. O medo do silêncio atordoa as ruas. E as vozes sem boca me obrigam a escutar o que dizem em meu nome. E o medo continua sendo nosso pior conselheiro. Tornei-me cego, você não me olha. Tornei-me esquecido porque você não me recorda. Não lembra mais! Rumo ao porto, ou ao naufrágio, que nos espera esta noite. Não lembra mais! Apenas em quanto pode ser desbotado o vermelho de nosso sangue. E quanto rouco e silencioso pode ser o nosso grito? "
Bendito em seus olhos, maldito em sua boca - Colligere
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